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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Acusado de planejar estupro coletivo em 2012 na Paraíba vai a júri

Júri do acusado de planejar o crime acontece nesta quinta-feira na capital. Nove pessoas já foram sentenciadas; crime ocorreu em 2012
Eduardo, acusado de estupro coletivo em Queimadas, PB (Foto: Reprodução/TV Paraíba)
“A prova é muito forte contra ele. Vamos mostrar essas provas aos jurados e pedir a condenação pela prática dos estupros e também dos homicídios”, declarou o promotor Francisco Sarmento, responsável pela acusação de Eduardo dos Santos Pereira. O réu é apontado como sendo o mentor e principal executor do crime que ficou conhecido como Barbárie de Queimadas, município localizado no Agreste da Paraíba. O crime aconteceu em
fevereiro de 2012, quando cinco mulheres foram estupradas e duas delas assassinadas após reconhecerem os agressores. Outros nove envolvidos no caso já foram julgados e setenciados.
Eduardo dos Santos vai a júri popular nesta quinta-feira (25), às 14h, no 1º Tribunal do Júri deJoão Pessoa, no Fórum Criminal.  Um telão será disponibilizado para a transmissão ao vivo do julgamento, no 6º andar do Fórum. O G1 também entrou em contato com o advogado de Eduardo, Harley Hardemberg, mas ele preferiu não adiantar a tese da defesa por ser um “júri difícil”.
A expectativa de Francisco Sarmento é de que ele seja condenado por todos os crimes pelos quais está sendo acusado e que seja condenado a uma pena alta. “Foi um crime de uma violência inacreditável. Dois homicídios triplamente qualificados e cinco estupros. As qualificações são pelo motivo torpe, pela crueldade, pela impossibilidade de defesa das vítimas e por ter sido praticado para encobrir outro crime”, explicou o promotor.
Isabela Pajussara e Michelle Domingos foram violentadas e assassinadas (Foto: Reprodução/TV Paraíba)Seis homens - Luciano dos Santos Pereira, Fernando de França Silva Júnior, Jacó Sousa, Luan Barbosa Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego Rêgo Domingues - foram condenados pelos crimes de cárcere privado, formação de quadrilha e estupro. Eles cumprem penas entre 26 e 44 anos de prisão em regime fechado no presídio de Segurança Máxima PB1, em João Pessoa. Enquanto aguarda julgamento, Eduardo Santos também cumpre prisão preventiva no PB1.

Três adolescentes também foram julgados e sentenciados a cumprir medidas socioeducativas no Lar do Garoto. Eduardo dos Santos, por ser considerado o mentor dos crimes, será julgado em júri popular. O caso foi transferido da comarca de Queimadas para João Pessoa após solicitação do Ministério Público e da defesa do acusado. A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça entendeu que essa determinação permite uma decisão imparcial, uma vez que os jurados não são da cidade onde o crime aconteceu.

Além das acusações de estupro, cárcere privado, lesão corporal e formação de quadrilha, Eduardo está sendo acusado isoladamente também por duplo homicídio e posse ilegal de arma.
Isabela Pajuçara e Michelle Domingos foram
violentadas e assassinadas por reconhecerem
os agressores (Foto: Reprodução/TV Paraíba)
Relembre o caso
No dia 12 de fevereiro de 2012, cinco mulheres foram estupradas e duas delas - a professora Isabela Pajuçara e a recepcionista Michelle Domingos - foram assassinadas na cidade de Queimadas, no Agreste da Paraíba. Elas estavam em uma festa de aniversário em uma casa com dez homens.

Conforme as investigações da Polícia Civil e a denúncia feita pelo Ministério Público da Paraíba, os estupros foram planejados pelos irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira, que teriam chamado amigos para abusar sexualmente das mulheres convidadas para a festa de aniversário de Luciano. Segundo informações contidas no processo, o estupro coletivo seria um “presente” para o aniversariante.

Os irmãos teriam simulado a chegada de assaltantes na casa e usado máscaras e capuzes para não serem reconhecidos. Duas das vítimas, no entanto, teriam conseguido reconhecer as pessoas que as violentavam e, por isso, foram tiradas da casa e executadas. Michelle foi morta com quatro tiros em uma rua central da cidade e Isabela foi assassinada com três tiros na estrada para Campina Grande.
Ana Alice, estudante desaparecida em Queimadas, interior da Paraíba (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)Ana Alice foi encontrada morta depois de passar 50
dias desaparecida; caso também aconteceu em
Queimadas (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
'Manifestações extremas do machismo'
A Marcha Mundial das Mulheres considera casos de estupros coletivos “manifestações extremas do machismo”, conforme publicado no site do grupo. O movimento acompanha o caso do estupro coletivo de Queimadas desde o início e informou que verificou relatos constantes de uma cultura de violência combinada com silêncio e medo em Queimadas.

“Exemplo disso é que ainda hoje as famílias das vítimas são hostilizadas na cidade por pessoas ligadas aos autores do crime. Existe um discurso violento e depreciativo que busca legitimar essa barbárie, ao sugerir que as vítimas fossem prostitutas ou que mereceriam o acontecido por simplesmente terem comparecido à suposta festa de aniversário num domingo à noite”, diz o texto.

O grupo ainda faz questão de lembrar o caso da estudante Ana Alice Macedo, de 16 anos, que passou cerca de 50 dias desaparecida e foi encontrada morta em 2012. A adolescente também era de Queimadas. A Marcha Mundial das Mulheres pede celeridade no caso, uma vez que o júri do acusado de violentar e assassinar a estudante ainda não foi marcado.
G1

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